RPPN Nascentes do Rio Araguaia é destaque no John Deere Journal

sexta-feira, Fevereiro 26, 2021

“Se você construir, ele virá”. Era o que uma voz dizia ao fazendeiro interpretado pelo ator Kevin Costner no filme Campo dos Sonhos. Quem assistiu certamente lembrará desse importante recado transmitido ao plantador de milho de Iowa, nos Estados Unidos. A mesma frase pode ser perfeitamente adaptada à questão ambiental, com a voz da consciência alertando: “Se você investir, o resultado virá”. Pode levar décadas, mas virá e será benéfico para todo o planeta! É o que fica claro para quem conhece o programa de reflorestamento da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Nascentes do Rio Araguaia. Mas antes de chegar ao resultado final, é preciso entender a história desde o início.

E ela começa na década de 1980, depois que o agricultor e empresário Milton Fries se deparou com uma enorme cratera em sua fazenda localizada em Mineiros, no Sudoeste de Goiás. A voçoroca tinha até nome: Buracão. Essa erosão surgiu após a construção da rodovia GO 341, criada para ajudar no escoamento da produção agrícola da região. Fries tentou de tudo para evitar o agravamento da situação, mas sem resultados. A solução surgiu com o reflorestamento do Buracão com plantas nativas e o isolamento da área para evitar entrada de animais, principalmente o gado. Quem passar ali perto hoje vai se deparar com uma surpreendente lagoa azul.

Logo depois, porém, Milton Fries se deparou com outra voçoroca na fazenda vizinha. Ela recebeu o nome de Chitolina. Era enorme, com 2,5 quilômetros de extensão. Ao invés de ficar de braços cruzados, ele agiu rapidamente e comprou 54 hectares desse terreno. O vizinho mal podia acreditar que a intenção era adquirir justamente o trecho danificado. Com o reflorestamento dessa voçoroca, a areia parou de seguir para o rio Araguaia e a cicatriz na terra virou coisa do passado.

Corredor ecológico

Milton Fries poderia ter parado essa história ali? Sim, poderia. Mas não quis e o meio ambiente agradece. Em 2010, ele deu um passo além e disponibilizou, de forma perpétua, 720 hectares de suas terras para a formação da Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Nascentes do Rio Araguaia.

Esse trecho reflorestado em sua fazenda representa importante corredor ecológico, conectando o Parque Nacional das Emas com o rio Araguaia, preservando suas nascentes.  Criado em 1961 pelo presidente Juscelino Kubitschek, com área de 132 mil hectares, o Parque estava há três décadas isolado do Rio Araguaia até o restabelecimento dessa conexão da biodiversidade. É considerado Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco e só pode receber visitas guiadas.

No corredor foram plantadas mudas nativas do Cerrado e hoje, uma década depois, abriga aves e animais, alguns deles ameaçados de extinção. Por lá circulam livremente veados-campeiros, tatus, tamanduás-bandeira, emas, lobos-guará, onça pintada, entre outros.  De um lado e do outro do corredor, a família Fries planta soja e milho, com alta produtividade.

Para Leandro Silveira, presidente do Instituto Onça Pintada (IOP), essa RPPN representou um marco na época e inaugurou novo discurso para transmitir a mensagem do produtor rural como aliado da conservação.

“Milton Fries foi um agricultor pioneiro, demonstrou que estava na vanguarda. Uma ação proativa, sem intermediários, com impacto positivo incomensurável em pouco espaço de tempo”, afirma.

Falecido em 2012, aos 58 anos, Milton não viu o resultado de tamanha dedicação. Mas ficaria orgulhoso em saber que a mulher Maria e os filhos Leyna, Mireylle e Crystopher deram continuidade à semente por ele plantada. Outros negócios da família também caminham muito bem, como a Real Máquinas, concessionária da John Deere, legado que segue cada dia mais forte na região.

Há várias nascentes em nossa propriedade e todas estão protegidas com mata. Monitoramos frequentemente para que os animais não destruam a área

Mireylle Fries

Continuidade no pensamento e na ação

Nessa onda de amor e dedicação ao meio ambiente, a família Fries procura envolver funcionários da fazenda e também da Real Máquinas em ações ligadas à natureza. Foi assim quando, em 2010, eles criaram um viveiro de mudas na fazenda e, cinco anos depois, o Bosque de Ipês, a árvore preferida de Milton Fries. Cada funcionário plantou uma muda e deu seu nome a ela.

Essa cultura se expandiu também para a concessionária, com os funcionários participando de campanhas voltadas à questão ambiental, com distribuição de mudas aos clientes e de ações de consciência ambiental junto às escolas da região. “O Milton partiu e continuamos seu trabalho de conscientização. É preciso amar a natureza, a agricultura e também a preservação. Esse trabalho é muito necessário e gratificante”, destaca Maria Fries.

Matéria publicada:

https://johndeerejournal.com.br/2021/02/08/o-campo-dos-sonhos-vira-realidade/

 


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